Eu sempre considerei minha posição política como anti-direita, mas andava me preocupando com essas esquerdas tortas, socialistas, que andam tomando conta da América Latina, como Hugo Chávez, Evo Morales e o possível presidente do Peru Ollanta Humala. Daí ontem tive certeza que minha preocupação procede, com esta história de nacionalizar a exploração de gás e petróleo da Bolívia que prejudica diretamente o Brasil. Não que estas questões me tirem o sono (só ontem, enquanto pensava neste post). E também sei que estes conceitos de esquerda e direita estão ultrapassados, mas ninguém os abandona, não sou eu que não entendo muito é que vou fazer.

O Brasil está figurando para a Bolívia como imperialista. Nós seríamos os EUA deles…

Se pensarmos bem, nosso país é o que menos tem contrastes, povo de ânimos menos acirrados e é mais conservador em alguns aspectos que os vizinhos de continente. Lula aqui só se elegeu depois que aparou a barba, parou de cuspir aos berros seus discursos e passou a usar Armani.

Não colocamos fogo nas ruas protestando contra o mensalão. Aqui tudo é paz e amor, oba-oba, bundalêlê. E às vezes parece que o governo também age assim. Não que não deva ser diplomático como sempre vem sendo. Esta é uma virtude importantíssima, mas a opinião do sociólogo e professor universitário na Venezuela, Carlos Sabino, que esteve em Porto Alegre durante o Fórum da Liberdade me preocupou. Ele disse em entrevista a Zero Hora, em 4 de abril, que na Venezuela pensa-se que Lula se aproveita de Chávez:

“Chávez está um pouco isolado, necessita de alguém que o torne mais apresentável. E Lula, digamos assim, diz sim a Chávez em algumas coisas, faz outras, e vai conseguindo bons contratos de energia. Essa é a nossa impressão. Lula é muito vivo a favor do Brasil, mas contra a Venezula. Essa é um pouco a sensação que há em muita gente. Digo a verdade, mas não sei se é verdade.”

E como conseqüencia disso ele diz: “Tenho medo de confrontação continental, que toda a América Latina fique dividida em duas partes, que haja violência. Porque a Colômbia tem uma guerrilha que é apoiada por Hugo Chávez, e há movimentos mais ou menos violentos também na Bolívia.”

A repórter pergunta: Inclusive com apoio a movimentos sociais em ações de ataque à propriedade privada?

“Sim, se Chávez puder ter algum contato com algum movimento violento, contra o sistema, ele vai ajudar. Já faz isso no México, na Guatemala, na Nicarágua, em El Salvador, na Colômbia e no Peru. Por que não no Brasil? Acho que a chancelaria brasileira deveria, com diplomacia, fazer esta gente sentir que, com o Brasil, não se joga.”

Foi a partir desta entrevista que comecei a ter medo. E agora nesta situação em que o país se encontra, acho que com diplmacia o Brasil deve mostrar para a Bolívia que com o nosso país não se brinca. Talvez com um pouco mais de rigidez. Talvez fazendo a Bolívia enxergar que ela tem mais a perder com isto. Eles vão vender pra quem, afinal? E também porque se parecemos imperialistas, a grana que o Brasil investiu e pode perder, certamente trará graves conseqüências para nosso país, diferente do que aconteceria com um país desenvolvido.

Lula reconhece que o ato é inerente à soberania do país. Tem razão. Aliás, que golpe do destino, já que um dia também dissemos que o petróleo é nosso! Não sei em que conjuntura, mas agora eles estão fazendo o mesmo…

Mas acredito que a América Latina deve retomar a união e mostrar sua garra como sempre fez, mas adequada ao mundo capitalista e neo-liberal em que vivemos hoje. Essa é uma viagem sem volta. É preciso fazer correr em suas veias o sangre caliente que sempre teve, mas para seu próprio bem.